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sexta-feira, 23 de março de 2012

show que vem ao Brasil, o Rei do Rock canta no telão,décadas depois de sua morte

     Matéria extraida na íntegra do jornal O Globo

LONDRES - Os músicos aparecem caminhando no corredor que leva ao palco, ladeando a estrela, reconhecível por seu macacão branco e topete, apesar da imagem borrada. Em seguida, ao som da apoteótica "Assim falou Zaratustra", o ídolo entra no palco e, andando de um lado para o outro, saúda a plateia. Elvis está no prédio, mas não é uma cena da primeira metade da década de 1970. Ela ocorreu 35 anos depois de sua morte, há uma semana, na O2 Arena, em Londres, onde foi apresentado "Elvis Presley in concert" — no dia seguinte, o palco foi a Wembley Arena. O espetáculo, que chega ao Brasil em outubro (dia 6 em Brasília, dia 9 em São Paulo e dia 11 no Maracanãzinho, no Rio) junto com a exposição "Elvis experience", reúne o Rei do Rock — no telão, em imagens de gravações feitas entre 1968 e 1973 — e uma big band com músicos que tocaram com ele, inclusive o núcleo maestro-guitarra-piano-baixo-bateria. Ou seja,
um show de Elvis, décadas depois, exatamente como era. Ou quase.
— Vejo que ele parece o mesmo, e algumas pessoas me falam: "Ei, você parece mais velho!" — diz Joe Guercio, maestro que trabalhou com Elvis entre 1970 e 1977.
A afirmação da passagem do tempo no "Elvis in concert" é inevitável. Afinal, se parece
inócuo perante o Elvis do telão, eternamente jovem e com o magnetismo inalterado, ele, o tempo, se afirma de forma inapelável frente seus contemporâneos — a toda hora comparados com a imagem deles mesmos há 40 anos. Ronnie Tutt, o baterista cabeludo e vigoroso que aparece no show "Elvis: Aloha from Hawaii", de 1973 — uma das filmagens usadas para compor o show, que pega trechos também de "The ’68 comeback special" (1968), "Elvis: That’s the way it is" (1970) e "Elvis on tour" (1972) —, hoje é um simpático senhor de cabelos brancos e boné. Ele avalia o "efeito máquina do tempo" de contracenar consigo mesmo:
— É desafiador fazer algo que a gente fez há tanto tempo, sobretudo no meu caso. Porque bateristas são muito físicos, e não tenho a mesma habilidade que tinha naquela época. Em algumas cenas a empolgação é tão grande que é difícil acompanhar — conta, rindo.
No palco, independentemente das articulações mais duras e da movimentação mais econômica, os senhores fazem seu trabalho com competência. A sensação de quem está nas cadeiras é a de um show ao vivo — a despeito da impressão, também real, de que se vê um poderosíssimo home theater.
Para os músicos que tocaram com Elvis, sua presença é real.
— Às vezes fechamos os olhos e sentimos sua presença — diz o guitarrista James Burton. — Ele diz, "Toca aí, James", e me apresenta à plateia. É como se estivesse ali.
Guercio reforça:
— No início do show, fazemos aquele taratan, taratan (cantarola o tema famoso criado por ele para a entrada de Elvis no palco), que tocamos em Nova York, no Madison Square Garden. Foram tantos flashes quando ele entrou que o ginásio inteiro ficou iluminado por um segundo — diz. — O sentimento é o mesmo. Aqui estamos nós, 35 anos depois, tocando com Elvis Presley de novo.
Não foi sempre assim. O início de "Elvis in concert" — que passeia hits como "Johnny B. Goode", "Blue suede shoes", "You’ve lost that lovin’ feelin’" e "Suspicious minds" — foi cercado de ceticismo por parte de quem hoje concretiza a ideia. A empreitada foi idealizada em 1997 pela Elvis Presley Enterprises, companhia responsável pela gestão da obra do Rei do Rock — um dos artistas que mais movimentam dinheiro depois de mortos (do seu 1,4 bilhão de discos vendidos, 700 milhões foram após sua morte, em 1977, aos 42 anos). Para dar forma ao projeto, foi convidado o produtor Stig Edgren. Ele convocou os músicos — no palco, estão formações clássicas que acompanharam , como a TCB Band (com o reforço do baixista Norbert Putnam, que gravou com Elvis) e os grupos vocais Imperials e Sweet Inspirations, todos com integrantes originais. Mas não tinha muita certeza daquilo:
— Não sabia se as pessoas ficariam tanto tempo vendo um cantor num telão. Até o primeiro ensaio, na primeira vez em que todos estavam juntos, tipo: "Onde vou ficar? O que vou fazer?". Quando começamos o vídeo e eles se juntaram ao vivo, pensei: "Puta merda." Soava como se Elvis estivesse no prédio — diz, em alusão ao bordão "Elvis deixou o prédio", dito ao fim dos shows.
Guercio também desconfiava:
— Pensei: "Isso vai ser estranho, todos esses velhos entrando". E foi. Todos estavam diferentes. Mas começamos o ensaio, 20 anos depois, e foi como se tivéssemos tocado na noite anterior.
O saudosismo, claro, tempera "Elvis Presley in concert". Há um desejo de imutabilidade — congelamento do tempo? — no ar. Nos fãs, que no fim correm para a frente do palco como se Elvis estivesse ali para, como no telão, secar seu suor no lenço de um fã ou beijar na boca uma das meninas do gargarejo. E nos músicos, que tentam reproduzir o que tocavam há décadas ("Os arranjos são os mesmos", garante Guercio).
Experientes e com carreiras que passaram por muitos trabalhos além de Elvis, os músicos não ficam confortáveis à sombra do Rei do Rock — talvez uma postura defensiva contra quem possa ver no tributo um indicativo de decadência.
— Elvis foi um dos artistas com quem trabalhei — diz Burton. — Assim como Sinatra, Ray Charles, Nat King Cole, Monkees, Beach Boys, George Harrison. Sem Elvis minha vida seria exatamente como é hoje.
No palco, eles parecem se divertir e convencem que o tributo envolve emoção verdadeira, indo além do oportunismo. E não teria por que ser diferente, argumenta Guercio:
— Se você for ver Paul McCartney ou qualquer um hoje, o que você vê? Telões. E a força que sustenta aquilo somos nós fazendo o que fazíamos — conclui o maestro, deixando novamente o tempo em suspensão.
                                          

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